terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ESCREVINHADORES E ESCRITORES

Eu me pergunto o que leva as pessoas a escreverem ininterruptamente: toneladas de pessoas escrevendo toneladas de sentimentos, exagerando toneladas de despretensões, inutilizando toneladas de papéis, exasperando toneladas de leitores que dali saem com os olhos exaustos, as cataratas latentes, as lágrimas aos tonéis, a paciência estourada, o bom senso esvaziado, a agressividade multiplicada, a aspiração longe da plenitude, o assunto para os enredos quase nulo. Será o sucesso? O dinheiro? A despersonalização? A falta de identidade? A falta de ouvido amigo? A falta de emprego?
Qual a diferença que há entre uma Clarice Lispector e a enorme quantidade de outras escritoras? (Clarice foi advogada e depois escritora) Mas há psicólogas escritoras, médicas escritoras, músicos escritores, professoras escritoras, teleatrizes escritoras, aposentadas escritoras e até bonecas escrevinhadoras. Deus poupe os leitores de tanta proposta junta. Falta de dinheiro dá nisso? Até sobre a escrita há que se deblaterar. Ah...as filósofas escritoras são muito bem vindas...saem da filosofia para a escrita, o caminho inverso das que começam a escrever e acabam pensando com a escrita. Pensar quer dizer brincar...

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