terça-feira, 16 de julho de 2013

CASAMENTO DE UM NETO



Apresentei-me figurando como as garotas das galerias de Ipanema que vendem todo o tipo de arrojados, pulseiras, colares e trocam-nas de dois em dois dias. As pedras pesadas dão impressão de enorme valor. Algumas cantoras de grande bossa além de adoráveis canções amarraram enormes flores nos cabelos mais crescidos. Comprei um raminho de botões dourados que eu colocaria atrás da orelha direita. Com o vestido sóbrio e escuro esconderia os quilinhos a mais da velhice e da mordomia proporcionadas pela Arte. Enternecida quase descrente encaminhei-me para o apartamento da festa, três calçadões adiante. Me lembrei de quando eu pensava: - Graças a Deus ele não morreu! Ele resistiu graças a Deus! (pensamento que temos quando nasce um neném).  Mas ele lá estava, alto, forte, sorridente, podendo ter me servido de par ou mesmo de pai, em aparência. O serviço rolou muito fino e as formas de gulodices satisfizeram aos paladares mais inesperados. Descobri um vinho e uma champanhe de excelente paladar. Conversei com um rapaz do Buffet, com um colega de engenharia de meu neto e com um clínico geral. As jovens senhoras da festa elogiaram-me o vestido e o cabelo. Foi uma pena que na esquina do Garota de Ipanema, um automóvel derrubou o muro . O  rapaz foi preso acolizado, porém tudo anda bem. E minha professora de computador disse que me viu em duzentos e oitenta e três países na internet, estou indo longe, fiquei conhecida na Rússia, Lituânia, Austrália, França, Suíça, mas enfim graças a Deus meu Blog bombou.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Loquacidade, louca cidade


Loquacidade, louca cidade

                Todo mundo saia junto sob um par irresistível de tambores também irresistíveis. Lá ia a Banda de Ipanema sair de frente do restaurante Jangadeiros. As fantasias criadas e inventadas eram pelos batuqueiros. Uma trovoada bonita. Os executantes todos machos alguns de fraldas indianas outros com a boquinha pintada de batom todos de calção de banho tipo short. Bermudas estavam longe de se tornar um must como são agora. As mulheres algumas usavam jeans com um chapelão de bandido, outras turbantes indianos ou gregos. A maioria não queria mais do que obedecer ao ritmo dos tambores, dos músicos e dos cantores.
                Violência, desordem insuportável, intervenção policial, não havia, nunca ninguém precisou de polícia. A moda era para protestar, reclamar, conjurar, compadecer-se. Clamar por tempos de maior justiça, boa vontade, compreensão, encontros beijoqueiros irresistíveis, inesperados que tornassem possíveis reencontros inauditos.
                A volta pelo bairro inteiro era demorada, quem ficava nos balcões, varandas, janelas, é que estava esperando “a banda passar”. E comentavam essa banda está demorando demais. Depois, outros diziam será que houve barulho?
                De repente percorriam com força extraordinária, com novos tamborins, pandeiros, tambores. E os músicos mais entusiasmados eram os músicos mais conhecidos e mais antigos. Ninguém fora detido, ou retido, ou rasgado, ou machucado. Uma pequena parcela anunciava, paramos por exaustão!
Aqui dou um respiro fundo: ”Onde estão meus generais?”
                Albino desaparecido, Paulinho Góes, não encontrável, e os abraços? Os beijos das despedidas? Mas que é que eu faço, Deus meu? Recordando meu tempo desaparecido? Procura insana “a La Recherche” dos tempos perdidos? Isso é ser cultural minha gente? Onde foi mesmo que enfiei minhas fantasias?
                Hoje no Jangadeiros, um almoço tranquilo, descompromissado. Vejo uma mesa grande, apenas de senhoras, bem vestidas, bem penteadas e calçadas, dão vida ao amplo espaço do restaurante. Revitalizadas, separam-se, despedem-se e desaparecem. Nada tenho mais a fazer no recinto reatualizado agora, num feitio distintíssimo.
                Minha bengala e eu revitalizamo-nos com o clima atual, aproveitarmos, expressarmos, formularmos as lembranças numa nova crônica.
                Ei-la! Quase pronta tímida e útil, fazendo brotar flores de fertilidade, de calor humano sensível, se bem que desajeitado por esperança juvenil de nos encontramos certos e na rua, na alma da boemia carioca. Dou um carnavalesco Adeus às saudades,tantas desajeitadas disfarçadas em elegância.
                Mas os moços organizaram a banda jovem, mas ali eu não persistiria no mesmo tom, nem enfeitaria a minha idade. E agora, despedindo-me com muita seriedade e súbita saudade. Salvou-me por favor, minha loquacidade na minha louca cidade.